sábado, 15 de junho de 2013

O PT DESTRUIU OS FUNDAMENTOS DO REAL POR CONVICÇÃO

Quem observa o trabalho de sapa que o PT faz, há tempo, para destruir os alicerces do Real (câmbio flutuante; política de juros para controle da inflação e superávit fiscal) preveria o que agora acontece. (ler http://professorpaulomoura.blogspot.com.br/2012/05/tensao-na-economia-pode-afetar.html)

Os altos índices de popularidade de Dilma impediam que os alertas de analistas econômicos independentes ganhassem eco. A queda da popularidade de Dilma, apontada por pesquisas não publicadas, um mês atrás, e confirmada agora pelo Datafolha, mudou tudo. O comportamento do PMDB é o termômetro. Sarney comeu o pão que o diabo amassou na mão do PMDB quando o Plano Cruzado naufragou. Hoje, ele e seus cúmplices amassam o pão que servem ao PT. “Em eleição se faz o diabo”, disse Dilma. Pois é...

Hoje, não faltam analistas do óbvio para explicar o desastre. Surpreende que investidores e agências de análise de risco tenham demorado tanto para chegar às conclusões que os fatos permitiam antever a mais de um ano atrás ou mais. As pesquisas de opinião eleitoral são o termômetro dessas agências?

Em economia sou palpiteiro. Mas, tenho uma convicção: só é possível sair dessa situação tirando o PT do poder pelo voto em 2014 e trazendo de volta ao comando da economia profissionais com as mesmas convicções e competências daqueles que conceberam e implantaram o Plano Real.

Nada impediria o PT de repetir o que fez Lula em 2005 (ler http://oglobo.globo.com/opiniao/tipo-palocci-8673252). Palocci gerou um superávit fiscal maior do que o governo FHC com o objetivo de conquistar a confiança dos banqueiros e empresários para garantir o poder de Lula. No entanto, ainda que os petistas quisessem reeditar o Palocci de 2005, as condições políticas para adotar essas medidas não estão à disposição do PT.

Por quê? Por causa do imperativo que preside tudo o que o PT faz: preservar o poder conquistado! Para reeleger Dilma ou eleger Lula os petistas precisam de votos. Só que não existe saída sem dor para o cenário que Lula e Dilma construíram. Segundo analistas independentes, para sair dessa situação é preciso:

a)    Dar um “cavalo de pau” no descontrole do gasto público em ano eleitoral de maneira a sobrar para pagar todas as despesas do Estado e mais os juros da dívida pública (superávit nominal das contas públicas);

b)    Elevar os juros até o ponto em que os preços parem de subir (desaquecer o consumo em ano eleitoral);

c)    Aumentar a competitividade das empresas brasileiras (leva tempo); e,

d)    Investir em infraestrutura para reduzir o “custo Brasil” (privatizações cujo resultado prático também requer tempo).

Repito, em economia sou palpiteiro. No entanto, como Mantega também é, e os economistas “oficiais” (consultores privados) vivem rebaixando suas projeções para o PIB, também me sinto no direito de chutar.

Um ano atrás, quando o governo interveio no câmbio taxando o ingresso de dólares, o Real se desvalorizou 10% trazendo a inflação aos 6,5% atuais. Hoje o Real vale 24% menos do que valia um ano atrás. Com a volta dos investidores aos títulos do governo americano valorizando o dólar e a bagunça que Dilma fez na economia desvalorizando o Real, a lógica é o crescimento da inflação. E se o governo quiser conter a escalada dos preços mesmo, terá que seguir elevando juros e desaquecendo o consumo. Portanto, entraremos no ano eleitoral de 2014 com a inflação crescendo e o PIB caindo bem mais do que as projeções otimistas de hoje (2,3%). É o que faria um governo sério, comprometido com a saúde econômica da nação.

Mas, o comprometimento do PT é com sua saúde eleitoral. Se o povo já está indignado com a inflação em 6,5%, como reeleger Dilma num cenário pior do que o atual? Lula, o fiador de Dilma, pressionado pelo PT, desejará voltar. Mas, como explicar que a gerentona que Lula escolheu, afundou o Brasil? E o estrago começou com Lula! (ler http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ao-fiador-as-batatas-,1041745,0.htm).

Os economistas do PT acreditam que a solução para a economia brasileira está escrita nos manuais da CEPAL dos anos 1950 (gente que diz que inflação, desde que com crescimento, é aceitável). Assim pensam os “professores de economia” de Dilma e Mantega. Além disso, o principal consultor de Dilma é Delfin Neto, que orientou os governos militares de 1964 a conduzirem o Brasil para um cenário econômico parecido com esse que o PT nos lega.

A destruição dos fundamentos do Real é, portanto, resultado de convicções e foi concebida estrategicamente e executada pelo PT em três movimentos táticos:

1º Ato – Primeiro recuar para depois avançar: Palocci comanda a guinada “à direita” e conquista a confiança do mercado com um superávit primário superior ao de FHC. Mas, cessam as privatizações e as reformas estruturais. Começa o inchaço do Estado e a explosão do gasto público com despesas correntes.

2º Ato – A transição: Mantega substitui Palocci e dá início à destruição do superávit primário. O ex-tucano Henrique Meirelles contém a inflação com os juros. Lula medeia o conflito “BC x Fazenda”. Muda-se o marco regulatório do petróleo inibindo investimentos privados na exploração de Pré-sal e começa-se a quebrar a Petrobrás. Amplia-se o inchaço do Estado. Cresce ainda mais o gasto público de baixa qualidade.

3º Ato – A destruição do Real: A “economista” Dilma substitui Meirelles pelo submisso Tombini. É o fim do câmbio flutuante e dos juros como instrumento para conter a inflação. Com a eleição de Dilma o PT, sob a batuta da própria Dilma, comanda toda área econômica do governo. Mantega manipula preços para maquiar a inflação, derrete as contas públicas, desequilibra a balança de pagamentos e endivida o país.  Dilma rompe contratos no setor energético inibindo investimentos. O Secretário do Tesouro, o trotskista Arno Augustin, é o artífice da maquiagem contábil das contas públicas. A inflação galopa e o PIB despenca.

O desastre da economia, portanto, é obra do PT, de Lula e de Dilma, “construído” com senso estratégico e por convicção, repito.

As tentativas erráticas de Dilma (aumento dos juros, privatizações de aeroportos e portos, promessas de conter gastos públicos em ano eleitoral, e, ao mesmo tempo, incentivo ao consumo dos clientes do “Minha Casa, Minha Dívida”) sugerem que os “economistas” do PT estão mais perdidos do que filho de prostituta no dia dos pais. O foco do PT é o poder, e se for necessário quebrar o país para reeleger Dilma ou Lula, os petistas o farão.

Depois da Copa e da eleição de 2014 será um “Deus nos acuda”. Tenho pena do próximo presidente. Dilma mereceria reeleger-se para administrar sua herança. “Temo” que não vá!

2 comentários:

  1. O Presidente Itamar Franco criou o real em 1994,e o sr. Fernando Henrique, por 8 anos de um governo altamente correto fez com que nosso Brasil crescesse e seu povo tivesse um vida melhor. Pois os 8 anos do "lula" e os quase 4 da "dilma"! destruíram tudo e, agora, quando o país está conhecendo outra vez a inflação dos tempos do companheirinho Sarney, querem culpar o FHC. Vamos tirar esta turma dos PTralhas do governo ou veremos nossos pais virar um "TITANIC"!!!

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  2. Caro Prof. Paulo Moura:

    Ainda no governo Lulla afirmei que o PT iria destruir o Plano Real. Por que? Em virtude das próprias convicções ideológicas que possuem sobre política e economia. O Plano Real era o anverso do que pensavam. O PT sempre se opôs à política econômica do governo FHC e não iriam mudar tão rapidamente. A Carta ao Povo Brasileiro apresentada pelo Lulla e que possibilitou a sua eleição foi um engodo. O indicador de que o Plano Real seria desmantelado foi a falta das reformas (Administrativa, Fiscal, Tributária e Previdenciária) para o seu aperfeiçoamento, reformas que o FHC não consegui implementa-las devido grande parte a oposição ferrenha do PT. O governo Dilma não é o aprofundamento no desmantelamento do Plano Real, mas a execução de outro com bases diferentes. Dizer que o Lulla manteve o Plano Real é um profundo engano. Na verdade foram mantidos alguns dos seus fundamentos no tempo suficiente para o seu natural exaurimento. No foi a toa a escolha do Guido Mantega para o ministério da Fazenda. Ele foi um dos grandes críticos do Plano Real. Os seus artigos abordam com muito brilhantismo essa questão. Abraço

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